D. Mariana Vitória de Bourbon (1718-1781), mulher de D. José I e,
por isso, rainha consorte de Portugal, era filha de Filipe V, rei de Espanha, e
de sua segunda mulher, Isabel Farnesio. Dos 4 aos 7 anos, viveu na corte de
Versalhes, pois a sua mão esteve prometida a Luís XV, rei de França. Foi
devolvida aos pais quando os políticos franceses entenderam prioritário que o
monarca despossasse alguém em idade de procriar. A 27 de dezembro de 1728, aos
10 anos de idade, casou, em Madrid, com o herdeiro da Coroa portuguesa, mais
tarde rei com o nome de D. José I. Foi entregue à família de seu marido a 19 de
janeiro de 1729. O casamento só foi consumado em 1732, no dia em que atingiu os
14 anos. O casal teve quatro filhas, D. Maria I, D. Maria Ana Francisca Josefa,
D. Maria Francisca Doroteia e D. Maria Francisca Benedita. D. Mariana Vitória
esteve grávida pelo menos mais seis vezes, mas abortou sempre. Como seria de
esperar, desejou dar à luz um varão. Embora por várias vezes tenha mostrado que
possuía alguma sensibilidade política, teve, ao longo dos quase cinquenta e
três anos que viveu em Portugal, um peso extremamente reduzido nos negócios
públicos, seguramente por um quase total desinteresse pelos mesmos. Ainda
assim, D. José I, que nela confiava plenamente, encarregou-a por duas vezes do
governo do reino (1758 e 1776-1777). Já na qualidade de rainha-mãe, D. Mariana
Vitória agiu como conselheira de D. Maria I e passou cerca de um ano em
Espanha, revendo a sua família de origem e ajudando a selar a paz entre as duas
monarquias ibéricas (outubro de 1777-novembro de 1778). Muito dedicada ao
marido, às filhas e depois aos netos, foi, ao mesmo tempo, profundamente ligada
à sua família espanhola, sobretudo aos pais e a um dos irmãos, Carlos III, rei
de Espanha. Mulher decidida, prudente, sensata, paciente, egoísta, devota,
esmoler e culta, adorava divertir‑se na caça, na equitação, nas touradas, na
música e em jogos diversos, nomeadamente os de cartas.